sábado, 27 de agosto de 2011

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Beatles com sotaque nordestino

Como soariam as emblemáticas ‘A day in the life’, ‘Dear Prudence’ e ‘While my guitar gently weeps’ numa roupagem tipicamente nordestina? A resposta está em Zé Ramalho Canta Beatles, quinto projeto do intérprete a integrar a discografia do cantor paraibano e que chega agora, às lojas, com o carimbo do selo Discobertas (preço médio, R$ 23,00). 

O projeto de gravar os Beatles é antigo, anterior até mesmo à série Zé Ramalho Canta..., que já rendeu tributos a Raul Seixas, Bob Dylan, Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Teve início em 1999, quando Zé começou a fazer incursões em estúdio para experimentar versões de músicas da banda que, segundo ele mesmo admite, foi fundamental para sua formação musical.

“Esse Canta Beatles são gravações simples, mas nem por isso deixam de ser valiosas, algumas pelo tempo em que foram gravadas”, comenta Zé Ramalho, em entrevista. “Tem umas gravações que começaram dez anos atrás, outras mais recentes, e algumas que estavam em andamento (...) Nós juntamos todos esses fonogramas e completamos com algumas versões mais atuais. Isso torna o projeto uma espécie de peregrinação beatlemaníaca pelos estúdios onde eu fui gravando”, acrescenta.

O paraibano diz que até os 15 anos, nunca havia tocado um instrumento. Mas, foi ali, por volta de 1964, nas ondas AM do rádio, que iria ouvir a música que mudaria sua vida: ‘I wanna hold your hand’. “Naquela idade, como diria Raul Seixas, inocente, puro e besta, eu ouvi aquela coisa diferente, que me magnetizou e me deu a necessidade de tocar um instrumento”, revela o cantor. “A base da minha formação musical, não tenha dúvida, é essa informação estrangeira, e as bandas e artistas da Jovem Guarda”.

Da audição do single de sucesso lançado pelos Beatles em 1963, Zé Ramalho partiu para as bandas bailes e os conjuntos de rock. Lembra que integrou Os Quatro Loucos e The Gentlemen, que iam na onda do iê-iê-iê. Daí, partiu para a carreira que o consolidou como um dos mais talentosos cantores nordestinos de sua geração.

Zé Ramalho Canta Beatles reúne fonogramas registrados pelo autor de ‘Avôhai’ ao longo da última década, a partir de 1999. Muita coisa foi gravada recentemente, e canções como ‘In my life’, que ele havia feito para o disco-tributo Submarino Verde e Amarelo (Sony Music), acabou sendo regravada para esse novo projeto. “Os arranjos são parecidos, mas os sentimentos de interpretação estão diferentes”, compara Zé Ramalho, nos cometários que fez para o generoso encarte do CD.

Sob a belíssima capa que imita o célebre With the Beatles (1963), acomodam-se dez canções do Fab Four no sotaque de Zé Ramalho, que diz não ter a mínima vergonha de cantar em inglês. “O sotaque nordestino está presente no meu inglês. Eu não faço nenhuma pronúncia britânica, nem procuro fazer”, pronuncia.

Zé Ramalho experimenta à vontade, e sem receios. Evoca seus tempos de banda baile em ‘If I fell’, transforma ‘While my guitar gently weeps’ em um agalopado “forró-nordestino-pop”, como ele mesmo descreve no CD, e tece uma tocante versão para ‘Dear Prudence’, em que violas e sanfonas dão brilho ao arranjo dele e Dodô de Moraes (diretor musical do projeto). “Mais uma vez, o Dodô de Moraes, genial em sua indumentária de sanfoneiro, me ajuda muito a dar uma originalidade às canções dos Beatles”.

Além das canções dos Beatles, Zé homenageia os Quatro Rapazes de Liverpool individualmente, gravando canções da carreira solo de cada um. De George Harrison e John Lennon, ele regravou dois sucessos solo de cada: ‘Beware of darkness’ e ‘Isn’t it a pitty’, de Harrison, e ‘God’ e ‘Jealous guy’, de Lennon. “Outra linda canção do álbum Imagine, que eu já cantava, na época em que o disco saiu, quando fazia parte dos grupos de baile, na distante João Pessoa (PB)”, escreveu sobre ‘Jealous guy’.

Ele também gravou ‘Another day’, de Paul McCartney, e ‘It don’t come easy’, de um tal Richard Starkey, o popular Ringo Starr. “Grande sucesso solo de Ringo Star (sic), que transformei um pouco em música nordestina, apesar da qualidade da gravação não ser das melhores”, admite.

“Ter condições, hoje em dia, de realizar esses projetos, dessa linha de discos Zé Ramalho Canta está sendo para mim uma coisa muito valiosa, me deixa muito feliz, porque é o meu lado intérprete”, declara Zé.

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